Olhão,
1 de Julho de 2012
À
Direcção-Geral
do Ambiente da
Comissão
Europeia
B-1049-Bruxelles
Belgique
Assunto:
Violação de Directiva Comunitária
V. Refª: CHAP(2010)02266
Proc: 2010/2116
Ao
tomar conhecimento do comunicado de imprensa da Comissão europeia de 21 de
Junho de 2012, enquanto entidade denunciante da violação das Directivas sobre
Aguas Residuais Urbanas e Aguas Conquicolas e discordando da forma pouco
transparente das autoridades portuguesas, aliás habitual nesta matéria, como se
pronunciam, sou a esclarecer algumas questões:
1
– Uma monitorização seria e isenta das águas da Ria Formosa passaria
inevitavelmente pela utilização dos mesmos pontos de amostragem efectuados em
2001/2002, porque tal permitiria fazer o estudo comparativo e avaliar correctamente
da evolução do estado das águas.
O
IPIMAR, a entidade que realizou a nova monitorização, optou por escolher apenas
tês pontos, de forma criteriosa, não para analisar o estado das águas, mas
antes para intentar uma desculpa para o mau estado ecológico da Ria Formosa.
Assim,
dos três pontos seleccionados, um localiza-se no sítio da Fortaleza, mesmo
junto à Barra da Armona e portanto com maior renovação de águas; um outro
localizado no sítio de Marim, no enfiamento da mesma Barra, mas um pouco mais
distante, e igualmente a beneficiar da renovação das águas; o terceiro numa
zona, agora quase abandonada em termos de produção conquicola.
Nenhuns
dos três pontos de amostragem estão na zona de influência das descargas das
ETAR, mas a quilómetros de distância.
2 –
As informações fornecidas pelas autoridades portuguesas e publicadas na pagina
da internet da Sociedade Polis Litoral da Ria Formosa, ao abrigo do Projecto
Forward http://www.polislitoralriaformosa.pt/plano.php?p=6, visam não a realidade económica tradicional da Ria
Formosa, mas aproveitar para arranjar desculpas para a elevada mortandade de
bivalves, inventando uma “capacidade de carga” de produção, como se os bivalves
não fossem um elemento natural da Ria, que apenas são transpostos de bancos
naturais para explorações controladas. As autoridades nacionais deviam dizer o
que pensam fazer com as sementes de bivalves: vão eliminá-las pura e
simplesmente? Como pode haver produção excessiva se ela se reproduz
naturalmente? E se não forem apanhados, não morrerão mais depressa, por excederem
densidades? E porque razões se importam bivalves (ostras) de outras zonas se os
temos em quantidade e qualidade? Pretendem substituir um produto pelo outro?
3
– A produção de ostras é feita de forma marginal, sem qualquer controlo fitossanitário,
violando também neste aspecto Directivas comunitárias sobre a produção e
comercialização de peixes e bivalves vivos. As ostras de semente são
importadas, sem qualquer controlo pelas autoridades competentes, a Autoridade
Veterinária, não existindo registos das respectivas quantidades.
A
ausência do controlo fitossanitário impede a despistagem das doenças dos
bivalves e estabelecer as causas da sua morte, que neste momento é muito
elevada, apesar de convenientemente não existirem, oficialmente, dados que
permitam fazer uma avaliação correcta.
Obviamente,
que a morte dos bivalves, sendo patológica, tem as suas causas directas e
indirectas no péssimo estado das aguas conquicolas, que não sendo de forma a
pôr em causa a saúde publica, põe em causa o bem estar económico e social das
populações residentes na zona da Ria Formosa e o habitat natural dos bivalves.
4
– O INAG, entidade responsável pela Qualidade de todas as massas de Agua, tem
na sua pagina na internet http://www.inag.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=162
toda a informação sobre a forma, objectivos,
calendarização e a qualidade a que devem obedecer as diversas fontes de agua.
É
possível verificar, por exemplo e segundo os critérios ali definidos, que a Ria
Formosa ainda não se pode considerar eutrofica (mesotrofica), mas em risco de
eutrofização, o que recomenda que as descargas de aguas residuais urbanas
tenham um tratamento superior ao secundário, com remoção muito especialmente de
fósforo e sólidos suspensos totais, que nas analises efectuadas pela entidade
gestora do sistema em “alta” estão muito acima dos permitidos pelas Directivas
Comunitárias.
5
– Face ao exposto, parecem não existir razões às autoridades portuguesas para
persistirem em manter o actual estado das aguas da Ria Formosa, tanto mais que
se assiste ao desaparecimento da sua fauna e flora com consequências nefastas
para o bom estado ecológico, que as autoridade omitem.
Com
os meus respeitosos cumprimentos, sou
Antonio Manuel Ferro Terramoto
Amigo Terramoto eles sempre tiveram o jogo viciado , o mesmo se aplica às Bandeiras Azuis e Praias vigiadas , se fizessem a análise à agua naqueles lugares nem bandeira negra obtinham ....
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